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Em breve.

OS 25 ANOS SEM ARLINDO RODRIGUES E FERNANDO PINTO (27/01/2012)




Leonardo Bruno e Gustavo Melo (EXTRA - Carnaval / 80 Anos de Desfile)

Em 1987, o carnaval carioca perdeu dois artistas que marcaram os desfiles das escolas de samba. Um era barroco, histórico, requintado. O outro, delirante, tropicalista, contestador. O que eles tinham em comum? A genialidade! Estamos falando de Arlindo Rodrigues e Fernando Pinto.


Arlindo começou no carnaval aos 29 anos, na revolucionária equipe salgueirense comandada por Fernando Pamplona, em 1960, com o enredo "Quilombo dos Palmares". Dele surgiu toda a concepção de um dos maiores momentos da história do carnaval carioca nesses 80 anos: o memorável desfile do Salgueiro de 1963, "Xica da Silva", que trouxe figurinos impecáveis, bom gosto e um luxo até então inéditos na Avenida.










Arlindo ficou na vermelho e branco até 1972, participando de outros carnavais inesquecíveis, como "Bahia de todos os deuses" (1969) e "Festa para um Rei Negro" (1971). Em 1974, já na Mocidade Independente de Padre Miguel, deslumbrou o público com a "Festa do Divino". A grande consagração veio em 1979, com "O Descobrimento do Brasil". Depois, foi para a Imperatriz Leopoldinense, onde foi bicampeão em 1980 ("O que é que a Bahia tem") e 1981 ("Teu cabelo não nega").


Com muita bagagem cultural e uma preferência por temas históricos, Arlindo virou especialista também em temas africanos. É dele um dos mais belos trabalhos de todos os tempos no campo da arte negra, ao falar de uma (im)provável visita do Rei da Costa do Marfim a Xica da Silva, na Imperatriz Leopoldinense, em 1983.








Já em 1986, na União da Ilha, Arlindo se reinventou e elaborou um carnaval alegre e colorido, bem ao estilo da escola insulana. Foi o ano das "Assombrações", que trouxe também muito requinte, bom gosto e bom humor para a Sapucaí. Entre as assombrações, estavam o leão do Imposto de Renda, o FMI e o medo da bomba atômica. Em 1987, Arlindo morreu após assinar seu último desfile para a Imperatriz. O enredo era "Estrela Dalva". Por coincidência, o samba começava a frase "Oh, saudade... Hoje você é carnaval"...


O verde na bandeira e o Brasil no coração


Em 1971, um pernambucano animado, criativo e muito boa-praça chegou para abalar as estruturas do Império Serrano. Seu nome era Luís Fernando Pinto, que criou para a escola da Serrinha o enredo "Nordeste, seu povo, seu canto, sua gente". No ano seguinte, já foi campeão com um desfile inovador, contado seu enredo como se fosse um espetáculo de teatro de revista. Era o "Alô, alô, taí Carmen Miranda".


Até 1978, Fernando Pinto ficou na verde e branco imperial. Em 1980, assumiu o carnaval da então campeã Mocidade Independente, em substituição a Arlindo Rodrigues. E apostou todas as fichas num enredo brasileiríssimo: “Tropicália maravilha”. Quase chegou lá: conquistou o vice-campeonato. Um dado curioso é que Fernando Pinto só trabalhou em escolas que tinham a cor verde na bandeira. Foi assim também em 1982, quando teve uma rápida passagem pela Mangueira, com o enredo "As mil e uma noites cariocas".
De volta à Mocidade, Fernando Pinto emplacou três carnavais impactantes: "Como era verde o meu Xingu", que contava as lendas, as crenças e os rituais dos povos xinguanos. Depois botou a irreverência em rotação máxima para trazer para a Avenida um tema sobre a história do contrabando no Brasil, com "Mamãe, eu quero Manaus". E no ano seguinte, 1985, a grande revolução: levou o carnaval para o futuro e colocou o nome da Mocidade novamente na constelação das grandes campeãs do carnaval carioca, com "Ziriguidum 2001".




Em 1987, veio outro grande enredo: "Tupinicópolis". Imagine uma grande cidade brasileira, caso não tivéssemos sido "descobertos" pelos portugueses. Pois bem, essa cidade cruzou a Sapucaí, com tudo o que tinha direito: boates, prostitutas, cassinos, shopping center, hotel, farmácia, banco, presídio... O último delírio de um carnavalesco que soube trabalhar como ninguém a brasilidade em sua mais bela expressão.(Retificando: o último delírio de Fernando Pinto foi "Beijin, Beijin, Bye, Bye, Brasil", na Mocidade, em 1988. Fernando morreu em novembro de 1987 e deixou o carnaval pronto.)





Assim como Arlindo Rodrigues, Fernando Pinto nos deixou em 1987. Parece que, lá em cima, queriam fazer um carnaval de anjos, querubins, índios e frutas tropicais. Era o encontro do "notável artista que encenou a história" com a "irreverência que fez a Passarela delirar", como contou a Mocidade Independente no “Vira, virou”, de 1990. Eram Arlindo e Fernando, dois criadores que tinham em comum a arte de mostrar ao Brasil o que era, de fato, o Brasil. E como deixam saudades...


Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/carnaval/80-anos-de-desfile/os-25-anos-sem-arlindo-rodrigues-fernando-pinto-3773098.html

Rapsódia de Saudade - Toco Poeta da Mocidade



Toco, antes de despedir-se da vida, deixou à escola sua derradeira obra. Ele não é somente o maior vencedor de sambas-enredo: sua vida confunde-se com a história da Mocidade

Toda escola de samba de ponta traz na bagagem fundamentos característicos, ainda que possam sofrer transformações com o tempo: uma batida diferenciada e identificável, um direcionamento estético, um estilo próprio de construção de seus sambas-enredo. E sabe, com clareza, identificar aqueles que ajudaram a delinear o seu jeito de ser, a simbologia que o inconsciente coletivo tomará por marca, o auto-reconhecimento na hora do estourar dos fogos na pista dos desfiles. Um homem com pinta de garoto, sorriso fácil, corpo franzino, foi dos maiores responsáveis pela forma com que a Mocidade Independente se descobriu e cantou os seus carnavais, desde os primeiros anos de fundação. 

Antônio Correia do Espírito Santo, mais conhecido como Toco, ganhou 12 disputas de samba na Verde-Branco. A escola faturou seis campeonatos, sendo cinco no Grupo Especial; em quatro - incluindo o título que em 58 carimbou o passaporte para o grupo das grandes escolas - havia o nome de Toco entre os autores do samba. Mas, muito além de embalar apresentações vitoriosas, a obra do chamado “poeta maior”, falecido no último mês de novembro, ajudou a construir a própria história da Mocidade Independente. 

“Quando estávamos compondo “A vida que pedi a Deus” (2006), ele me disse que conhecia o estilo da escola. Na mesma hora, retruquei: você não conhece o estilo da Mocidade, você é o próprio estilo”, revela Marquinho Marino, parceiro de Toco e Rafael Só, que faleceu recentemente, nas duas últimas composições vitoriosas em Padre Miguel. O intérprete Roger Linhares, filho do compositor, conta que a poesia do seu pai foi primordial para que decidisse virar sambista: “Eu fui muito influenciado pela música dele, desde pequeno. Ficava cantarolando as suas obras, cresci envolvido por aqueles acordes fantásticos. Cheguei, inclusive, em 1982, a participar de um festival no colégio onde estudava, o Presidente Kennedy, tendo ficado em segundo lugar ”, rememora Roger.



Uma ala vitoriosa
A ala de compositores da Mocidade, conhecida por ter concebido poesias fantásticas para o samba carioca, acabou sendo muito marcada pelo seu jeito de compor. Dois nomes vitoriosos da escola, Tiãozinho da Mocidade e Jefinho, encontraram, em 1976, um momento-chave para a trajetória de sucesso que trilharam na agremiação. Não é de espantar que, naquele ano, a Verde-Branco tivesse desfilado com uma das composições mais conhecidas de Toco, “Mãe Menininha do Gatois”. 


Tiãozinho tornou-se compositor da escola justamente naquele carnaval. Jefinho, presidente da ala de compositores desde 2000, autor de obras consagradas como “Criador e criatura” (1996) e “O grande circo místico” (2002), teve sua entrada na Mocidade batizada pelo samba que, entre outros versos, dizia “já raiou o dia, a passarela vai sei se transformar...”. “Cheguei à Mocidade no ano em que Toco tinha criado aquela ode maravilhosa a uma das maiores personagens da Bahia. Tornei-me ritmista da escola, vindo da Unidos de Padre Miguel. Na ala de compositores, ingressei em 1986. No ano anterior, faturara um samba em nossa co-irmã de bairro. Fui recebido aqui de braços abertos, aprendendo, no contato com tantos mestres, as melhores lições”, diz Jefinho. 

Dico da Viola, outro baluarte campeoníssimo nas disputas de samba em Padre Miguel, tendo assinado hinos como “O velho Chico” (1982) e o já citado “O grande circo místico” (2002), também se ligou profissionalmente à escola na década de 1970. “A Mocidade é a agremiação do meu coração, do povo da Vintém. Uma autêntica família. Já tive convites para compor em outros lugares, mas daqui eu não saio”, diz o compositor. 


Em sua opinião, Toco deixa na Coronel Tamarindo um legado inestimável para as novas gerações: “O samba de minha autoria de que mais gosto é “Elis, um trem chamado emoção”, de 1989. Nele, há um verso que diz: “Amigo é pra se guardar dentro do peito / Do lado esquerdo, no coração”. A Mocidade vai manter este nosso grande compositor eternizado no lado esquerdo do peito”, afirma. 


Tiãozinho, parceiro de Toco nos vitoriosos “Vira, virou, a Mocidade chegou” (1990) e “Chuê, chuá, as águas vão rolar” (1991), relembra uma história curiosa: “No ano de 1979, primeiro campeonato da Mocidade, nosso “poeta maior” e seu amigo Djalma Crill, haviam decidido não fazer samba. Faltando poucas horas para o fechamento das inscrições, resolveram pensar na obra. Pegaram uma fita e eu fui anotando para eles, em letra de fôrma, o que brotava daquelas mentes iluminadas. Em poucos instantes, estava ali o hino que seria aclamado na Quarta-Feira de Cinzas”, conta. 


Sobre a composição dos sambas que dariam à Mocidade o bi-campeonato, no início da década de 1990, Tiãozinho afirma que ele, Toco e Jorginho Medeiros - que também estava na parceria – formavam um trio que, literalmente, “funcionava por música”. O refrão central de “Vira, virou, a Mocidade chegou”, imortalizado por trazer os pilares comunitários da Mocidade Independente (Padre Miguel e Vila Vintém), por exemplo, foi todo trabalhado em conjunto, tornando-se a estrofe mais bem-sucedida daquele carnaval.


“Amar, viver, sonhar, acreditar...”

Internado durante o processo de composição do samba “O futuro no pretérito – uma história feita a mão”, que a Mocidade levará para a avenida em 2007, Toco continuou produzindo a todo vapor. Conta Marquinho Marino que o poeta chegou a brigar com uma de suas médicas: “A senhora me deixe livre para fazer a minha arte, e eu não a atrapalharei na arte de me curar”. Pleiteava ele, naquela oportunidade, que o seu parceiro tivesse mais liberdade para visitá-lo, já que somente assim poderiam trocar impressões sobre os versos compostos. A doutora, claro, cedeu aos apelos.

No mesmo período, Rafael Só, outro compositor da parceria, também teve de se internar, o que fez Marquinho Marino desdobrar-se em visitas diárias a dois hospitais: “A relação de Tôco e Rafael, muito além de parceiros em dois sambas vitoriosos na Mocidade, assim como em outros, era algo indescritível. Coisa de irmãos mesmo. O mestre sempre dizia: “Não abro mão do Rafael!”, ou seja, tinha total admiração pelo trabalho do amigo, que, sem dúvida, foi dos maiores letristas que já conheci”, diz Marquinho.

Rafael Só faleceu no início deste mês de fevereiro. Poucos dias antes de morrer, ele concedeu um depoimento emocionado sobre o amigo Toco: “Era um ser humano e profissional acima de qualquer palavra e qualificação. O que dizer sobre uma obra-prima como “Rapsódia de Saudades”, por exemplo? Começamos a compor juntos em 1986. Eu já havia perdido, em 1979, na final, para ele e Djalma (Crill). Depois de nos juntarmos, entre idas e vindas na parceria, criamos uma história de amizade e cumplicidade que nunca esquecerei”, contou.

Segundo Marquinho, um dos refrões do samba de 2007, que traz quatro verbos no infinitivo, é a síntese do espírito com que a obra foi composta, dadas as circunstâncias adversas que cercaram o trio na última disputa. Toco ainda conseguiu ir à quadra assistir à sua última vitória, mas acabou morrendo menos de um mês depois.

Sua obra deixa no ar as tais “saudades coloridas”, e está imortalizada nos corações daqueles que apreciam o mais brasileiro dos ritmos. E é ela quem nos conta boa parte da história e da essência do G.R.E.S. Mocidade Independente de Padre Miguel, desde o canto das “noites enluaradas” nas terras do Coronel Trigueiro até as maiores inspirações que fizeram e fazem nascer a poesia. A velhice veio chegando, mas o mestre, lá de cima, continua cantando.

"Teus versos são laços de amor em harmonia
Se vestem da mais doce melodia
É a minha Mocidade a cantar

E hoje eu canto
Faço do samba minha prece
O nosso mundo se enternece
Louvando Toco, o campeão dos carnavais”
Trecho de “O poeta maior”, de autoria de Rafael Só.



Parabéns Mocidade... 57 anos de gloria (10/11/1955)

  10/11/1955, nascia uma estrela destinada a brilhar eternamente em nossos corações!

 Em 1958, foi campeã do grupo de acesso com o enredo "Apoteose ao Samba" e sob a batuta do Mestre André, realizou pela primeira vez a celebre "paradinha", chegando ao grupo especial em 1959, onde permanece até os dias de hoje.

 Já em 1979, com Arlindo Rodrigues, a Mocidade conquistou o seu primeiro campeonato no grupo especial com "O Descobrimento do Brasil".

  Em 1985, veio o segundo campeonato com Fernando Pinto "Ziriguidum 2001".

 A era Renato Lage veio consagrar de vez a escola com três campeonatos:

 Em 1990, contando sua própria história "Vira Virou, a Mocidade chegou".


 Em 1991, falando sobre a água "Chuê Chuá... As Águas vão rolar" (foto da Comissão de Frente).


E o nosso último campeonato em 1996 com o enredo sobre a relação entre o Homem e Deus "Criador e Criatura".


Harmonia e Evolução

Harmonia e Evolução – quesitos de grande importância para a pontuação da escola

Um quesito de grande relevância nos desfiles de carnaval é quanto à harmonia e à evolução, apresentados pela escola.

A harmonia é a forma como os integrantes da escola desfilam, considerando se há entrosamento ou não dos mesmos com o ritmo e o canto do samba de enredo.

Os componentes da escola devem cantar o samba no mesmo tempo que o puxador, a voz principal durante o desfile.

A totalidade da voz cantada pela escola durante a apresentação também é elemento considerado para a avaliação da harmonia, ou seja, o grupo precisa cantar em uma única voz.

Os ensaios desse quesito voltam-se para que ninguém atravesse o samba, ou seja, que não cante fora do compasso da bateria, o que leva a perda de pontos.

Os jurados não consideram como problema uma pane no carro de som, mas para isso é necessário que o grupo esteja coeso, sinta-se motivado, mesmo sem a voz principal, fazendo do canto dos integrantes e da batucada da bateria o elemento mais animador do espetáculo.

A Evolução é a forma como a dança é apresentada, bem como sua progressão na avenida durante o desfile.

Os passos dos integrantes devem estar no ritmo, sendo efetuados na mesma cadência da bateria.

Durante a apresentação, a escola deve desfilar evoluindo tranquilamente, sem correrias ou retrocessos, o que prejudicam a sua pontuação. Para isso, é necessário que aconteçam ensaios prevendo o tempo de duração da escola na avenida, para que tudo saia perfeito.

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